Um conhecimento proibido
Um conhecimento proibido
Márcia Cordoni

Márcia Cordoni

Um conhecimento proibido

No século XVIII exploradores descobrem uma biblioteca epicurista em uma casa em Herculano, balneário próximo à cidade de Pompéia, na Itália. Ambas foram destruídas pela erupção do Vesúvio em 79 d.C. A cinza e dejetos da erupção que destruíram essas duas cidades ajudaram a preservar aquela biblioteca, onde foram recuperados fragmentos da obra Da Natureza.

Da Natureza é um poema escrito pelo filósofo romano Lucrécio, inspirado na obra de outro filósofo, Epicuro, este grego. Eis um trecho: “o Universo é composto de átomos e os deuses não se preocupam com o destino dos mortais; os homens, portanto, não devem temer a morte, mas dedicar-se à busca do conhecimento e cultivo do prazer.”

Aquela biblioteca representa um último momento de liberdade e paixão intelectual antes de uma sucessão de infortúnios: a queda do império Romano, invasões bárbaras e a Idade Média, onde todo o conhecimento ficou trancafiado dentro de monastérios, longe do conhecimento do povo. E se passaram 1.000 anos!

Desde quase iniciou o século 21, passamos por mais de 37 revoluções (!), segundo a revista Superinteressante. O novo milênio prenuncia um mundo de transformações aceleradas.

Parece que essas mudanças estão além da capacidade de transformação de muitas pessoas, pois, ao mesmo tempo, há uma força contrária, difundida através do ódio e da intolerância. Uma força contrária à qualquer forma de liberdade: de pensamento, crenças, comportamento, orientação sexual.
Assim, me pergunto: para onde caminha a humanidade? A modernidade afeta a vida de todos, mas não a mente e o coração das pessoas. O moderno só nos serviria para difundir de forma mais ampla a intolerância?

É possível que sejamos meros homens-das-cavernas tecnológicos? Acabará todo esse conhecimento encerrado novamente numa biblioteca destruída ou em escuros mosteiros?

Compartilhe

Estamos 100% online

Venha praticar conosco!
Precisa de ajuda?