Empatia como princípio de respeito
Empatia como princípio de respeito
Márcia Cordoni

Márcia Cordoni

Empatia como princípio de respeito

Às vezes nos sentimos sozinhos e separados das outras pessoas. No entanto, parando para observar podemos perceber que:
– Todos se importam com a opinião dos outros sobre si mesmo (mesmo que tente fingir que não, mesmo que a opinião que importe seja de apenas uma outra pessoa).
– Todos têm algo que gostariam de realizar, algum sonho, alguma meta (mesmo que nem todos corram atrás disto).
– Todos sentem medo. De se machucar, de morrer, do desconhecido, de ficar só…
– Todos amam algo.
– Todos sentem orgulho de algo.
– Todos querem ser amados e bem cuidados.
– Todos gostam de atenção de uma forma ou de outra.
No fundo, somos todos iguais. Temos as mesmas emoções, embora com histórias diferentes. Se todos soubessem que são parecidos em tantos aspectos, ao invés de se sentirem diferentes, seriam muito mais abertos.
Quanto mais consciência se tem, mais se percebe os outros seres a sua volta e se importa com os sentimentos alheios. E, por isso mesmo, boas maneiras fazem parte do nosso Método de qualidade de vida e da evolução pessoal de cada um.
Uma pessoa que se identifica com alguém, ou seja, que sente empatia é capaz de colocar-se em seu lugar. E assim sendo vai tratar esse alguém como gostaria de ser tratada, ou seja, o melhor possível, com carinho e cuidado.
Quando um indivíduo é mal educado, podemos concluir que ele não se identifica com o outro, não é capaz de enxergar a semelhança entre os dois. Por isso o trata sem consideração. Não percebem que são, na verdade, muito parecidos. Possuem os mesmos sentimentos, o mesmo desejo de conforto, atenção e afeto.
Por isso as pessoas acham aceitável se alimentar com porcos e não com cães. Porque se identificam com os animais domésticos, conseguem perceber que possuem as mesmas necessidades e sentimentos que nós. Os animais “de fazenda” também possuem essas mesmas características, mas como as pessoas não convivem com eles, se sentem separadas, diferentes deles, e isso não causa empatia. A pessoa não é capaz de sentir a dor do ser que morreu para estar no prato dela, mas é capaz de sentir a dor de seu cãozinho machucado.
Há um trecho de uma peça de William Shakespeare, The Merchant of Venice que ilustra a empatia referida aqui, mas no contexto de um personagem cristão não se identificar com um outro que era judeu a ponto de lhe fazer mal sem sentir que fez algo ruim, que pode ser constatado mais uma vez em qualquer guerra que já existiu. Soldados palestinos que se sentem diferentes dos israelenses e vice-versa, xiitas e sunitas do islã, colonizadores e índios… Para que soldados sejam capazes de ferir outro ser humano, constrói-se um ilusão de que o seus oponentes não são como eles, que são diferentes, separados.
O texto de Shakespeare segue assim: “Fed with the same food, hurt with the same weapons, subject to the same diseases, healed by the same means, warmed and cooled by the same winter and summer as a Christian is? If you prick us, do we not bleed? If you tickle us, do we not laugh? If you poison us, do we not die? And if you wrong us, shall we not revenge?”
Essa mesma falta de empatia gera o descaso com as pessoas que têm menos oportunidades na vida. Somos capazes de olhar um mendigo passando fome, frio, solidão, alcoolismo, vício e não nos importarmos. Nos distanciamos porque nos sentimos separados, diferentes, como se isso não pudesse acontecer conosco.
A empatia, gera compaixão. Coloca os outros seres, quaisquer sejam, no mesmo patamar de importância que colocamos a nós mesmos, nosso conforto e felicidade.
As grandes pessoas que são lembradas por sua bondade são as que tinham a empatia muito abrangente: Madre Teresa, Gandhi, Mandela, Martin Luther King… Eles lutaram pelos seus ideias, mas sem machucar nenhum outro grupo de pessoas.
Ao abarcar uma empatia maior, respeitamos um número maior de pessoas, gerando carinho, amizade, companheirismo, gentileza, apoio, e torna a existência mais prazerosa.

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